segunda-feira, junho 11, 2007

Zâmbia, Paraíso dos Hipopótamos


O Luangwa, um dos últimos grandes rios da África Austral não alterado por barragens, sustenta e protege o vale por onde corre. Hipopótamos, elefantes, girafas, leões, leopardos, búfalos e muitas outras espécies proliferam nos 50 mil quilómetros quadrados da savana arborizada que este rio de 800 quilómetros irriga. Em contrapartida, escasseiam habitantes humanos. Uma das razões para esse despovoamento é o ciclo anual das cheias do Luangwa. Texto de Christine Eckstrom; Fotografias de Frans Lanting

Todos os anos, durante a época das chuvas, o rio reinventa a terra: o riacho com água pelos joelhos transforma-se numa agitada torrente castanha, transbordando sobre as planícies e matas em redor e tornando intransitável por estrada, durante quase metade do ano, este vale no Leste da Zâmbia. Na outra metade do ano, as águas recuam e abrem uma paisagem rejuvenescida, que lentamente se cresta ao longo do demorado período de seca que se segue. Em finais de Outubro, já as pastagens das planícies alagadiças foram devoradas até sobrar apenas o restolho. O vento quente levanta a poeira do solo, provocando minúsculos tornados. Ao pôr do Sol, os hipopótamos emergem das últimas poças fundas do rio e desaparecem nas sombras do mato para se alimentarem. Alguns percorrem vários quilómetros em busca de comida e muitos morrem nesta época de aflição. Certo dia, de manhã, avistamos um pequeno hipopótamo morto flutuando rio abaixo. As fêmeas aproximam-se, tocam-lhe com o focinho, lambem-lhe a pele e, depois, afastam-se. As variações sazonais podem revelar-se difíceis para os animais selvagens do vale, mas os seres humanos têm sido responsáveis por dificuldades ainda maiores. No passado, a caça legal ou furtiva reduziu, de forma drástica, as populações de hipopótamos e elefantes. No entanto, ambas as espécies conseguiram recuperar. No mês de Novembro, começam a acumular--se nuvens de tempestade, negras e sombrias, e o céu ribomba toda a noite. Numa tarde, uma fria cortina cinzenta de chuva varre a terra, fustigando-a com uma forte torrente e limpando a poeira da erva e as árvores. Praticamente da noite para o dia, rebentos verdes brotam da terra. Os elefantes e os búfalos dispersam pelas terras mais altas, onde as pastagens são frescas; as impalas dão à luz e as zebras materializam-se, saindo da mata com as suas minúsculas crias. Poucos dias depois das primeiras chuvas, as cegonhas-de-abdim aparecem no céu, rodopiando em espirais compostas por milhares de aves. Estão a migrar para sul e alguns africanos conhecem-nas como portadoras da chuva. Aterram em grupo, com os seus corpos ondulantes, deslocando-se pela erva numa frente ampla, semelhante a fogo em movimento, comendo os sapos e insectos atraídos pela água. Chegou a nova estação. Leia o artigo completo na revista National Geographic Portugal

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