Tráfego em Milão gera elevados níveis de partículas materiais |
Pedro Ferraz de Abreu é responsável pelo EuroLifeNet |
Baseando-se nos dados já recolhidos em Milão, Itália, The New York Times afirma que o Norte de Itália, para além de conhecido pela moda, comida e pela Fiat, passou a ter mais um título de fama, mas desta vez pouco abonatório: «Cidades europeias com os piores níveis de poluição».
Segundo este jornal, a Alemanha e a Polónia “grandes poluidores europeus” têm vindo a reduzir as suas emissões desde 1990, ao contrário de Itália - cujos valores aumentaram - e que foi advertida pela Comissão Europeia no sentido de reprogramar o seu plano de redução de emissões, sob pena de enfrentar elevadas multas.
Os resultados do EuroLifeNet são impressionantes. Como exemplo, o NYT cita o caso de um participante de 16 anos cujo apartamento fica próximo de uma via muito movimentada e em que os níveis de poluição na sua sala à noite são 20 vezes superiores ao máximo aconselhado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O EuroLifeNet foi desenvolvido em Itália por intermédio da associação Genitore Antismog (Pais contra a Poluição) e em declarações ao NYT a presidente, Anna Gerometta, afirmou: «Queremos que as pessoas se revoltem e que os políticos prestem atenção. Isto é muito mau para a nossa saúde».
Apesar de os níveis de ozono e benzeno terem diminuído de forma visível naquela região, o mesmo não tem acontecido com as partículas materiais, disse o presidente da região da Lombardia, Roberto Formigoni ao NYT.
O jornal americano salienta também dados da OMS deveras preocupantes que indicam que em Itália alguns tipos de partículas materiais causaram, entre 2002 e 2004, 8220 mortes por ano e mostra o nível médio de partículas ultrafinas nalgumas cidades europeias em 2006: Milão 38, Atenas 25, Varsóvia 34, Turim 41, Viena 24, Lisboa 19 e Paris e Londres 16 no fundo da tabela mas ainda assim bem a cima do mínimo padrão de dez miligramas de partículas, afirma Roberto Bertollinin presidente do Centro Europeu para o Ambiente.
Má forma de vida
Bertollini afirma: “É muito difícil diminuir os níveis de partículas materiais devido à forma como vivemos”. Elas são causadas em grande parte pelo tráfego, particularmente pelo característico “pára-arranca“ das horas de ponta.
Citando dados de um estudo cientifico do ano passado, o NYT afirma que caso os valores de dez miligramas sugeridos pela OMS fossem cumpridos poupar-se-ia a vida a 22 mil pessoas em 26 cidades europeias.
Embora estejam a ser desenvolvidos esforços pela autarquia de Milão para reduzir os veículos poluentes, o NYT diz que em termos de poluição a única cidade comparável é Los Angeles, em que o transporte público é limitado e ineficiente e todos querem ter carro.
Segundo Robert Formigoni, serão necessários mais 20 anos para que a mentalidade dos italianos mude e estes troquem o carro por outros veículos menos poluentes. Emile De Saeger, outra especialista que analisou os dados obtidos no EuroLifeNet, chamou a atenção para o facto de ter de se repensar a localização de ciclovias e de parques infantis, de modo a afastá-los de zonas próximas de vias muito movimentadas, com elevados níveis destas partículas analisadas, refere o NYT.
Artigo publicado em: Ciência Hoje
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