quinta-feira, setembro 13, 2007

Paleontólogo Octávio Mateus no deserto de Gobi

Equipa de português pode ter descoberto nova espécie de saurópodes na Mongólia

Um esqueleto quase completo e dentes com formato desconhecido que poderão pertencer a uma nova espécie de dinossauro saurópode, um quadrúpede herbívoro, são algumas das descobertas de uma expedição no Deserto de Gobi (Mongólia) onde está integrado um português.

O paleontólogo Octávio Mateus está desde o dia 20 na Mongólia numa equipa que integra cientistas mongóis, canadianos, sul-coreanos e japoneses e tornou-se no primeiro português a seguir as pistas de Roy Chapman Andrews, o norte-americano tido como o "verdadeiro" Indiana Jones

Deserto de Gobi (Mongólia) onde está a trabalhar o paleontólogo português
Deserto de Gobi (Mongólia) onde está a trabalhar o paleontólogo português

A primeira fase da expedição desenrolou-se numa área menos explorada no deserto de Gobi, conhecida pela Bayn Shire, que embora já visitada por paleontólogos, tem muitos locais inexplorados. A equipa, que já enfrentou uma tempestade de areia com ventos de 90 km/h e um dia com temperatura de 52 graus centígrados, recolheu vários ossos, dentes, crânios, ovos de dinossauros e esqueletos quase completos, "o que é raro", indicou o português à Agência Lusa.

"A localidade é incrivelmente rica e novas descobertas ocorrem todos os dias", indicou o investigador do Museu da Lourinhã e da Universidade Nova de Lisboa, cuja missão tem a duração de 34 dias. Na lista de achados enumerada pelo português destaca-se um esqueleto quase completo de um dinossauro saurópode.

"Poderá ser uma nova espécie, mas ainda tem de ser feito trabalho suplementar", indicou Mateus, revelando ainda a descoberta de dentes de saurópode com um formato desconhecido até ao momento e que poderá representar uma nova forma de processar (mastigar) plantas entre estes animais. O saurópode é um quadrúpede herbívoro de pescoço comprido, que atingia mais de 15 metros de comprimento.

Paleontólogo descobre "bone-bed"

Foram ainda encontrados vários esqueletos incompletos, incluindo crânios de dinossauros ceratopsideos (pequenos bípedes herbívoros) de duas espécies Yamaceratops e de uma espécie possivelmente desconhecida até à data. O paleontólogo descobriu uma "bone-bed", uma camada geológica repleta de ossos, com pelo menos 10 indivíduos de dinossauros anquilossauros (dinossauros couraçados, quadrúpedes e herbívoros).

Nestes dias de trabalho também foram descobertos ovos e cascas de pelo menos cinco tipos diferentes de dinossauros, parte de crânios de dois dinossauros carnívoros, vários ossos de terizinossauros, um tipo de dinossauro teropode, raro e caracterizado por enormes garras nas patas anteriores. Foram também encontrados parte do crânio e outros ossos de crocodilos, tartarugas, pterossauros e um possível mamífero.

Estão ainda a ser definidas algumas questões relativas às camadas geológicas onde está a ser desenvolvido o trabalho, incluindo a possibilidade de uma datação muito mais precisa. A Mongólia é uma das áreas mais ricas do mundo em vestígios de dinossauros do Cretácico, período que terminou há aproximadamente 65 milhões de anos, mas em comparação com o período Jurássico, com cerca de 150 milhões de anos, fica atrás de Portugal.

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