terça-feira, julho 03, 2007

Museu da Lourinhã apresenta fósseis do maior dinossauro carnívoro terrestre conhecido

2007-07-03
Torvosaurus
Torvosaurus
O Museu da Lourinhã exporá até ao final do mês a maxila do maior dinossauro carnívoro terrestre conhecido, o "torvossauro tanneri", um achado de um jovem holandês que andava a fazer prospecção nas arribas do concelho. A maxila possui 63 centímetros de comprimento e vários dentes, cada um deles com 20 centímetros, pertencentes a um animal de 11 metros de comprimento e duas toneladas, muito idêntico ao "tiranossaurus rex" do Cretácio Superior.

Trata-se do maior dinossauro carnívoro terrestre alguma vez encontrado no mundo, que viveu no Jurássico Superior, uma vez que o crânio a que pertenceria a maxila teria cerca de 158 centímetros, sendo superior a um outro dinossauro da mesma espécie encontrado anteriormente nos Estados Unidos (com 118 centímetros). O achado foi divulgado hoje pelo Oertijd Museum, um museu localizado em Boxtel, cidade do sul da Holanda, que adquiriu uma réplica do crânio a que corresponderia a maxila encontrada.

A reconstituição desta parte do esqueleto foi efectuada por Aart Wallen, um holandês que colabora com o Museu da Lourinhã na construção de réplicas e que é o pai do jovem Jacob Wallen, que em 2003 fez a descoberta. "Ambos estavam a fazer prospecção nas arribas do concelho e foi mesmo o filho que encontrou um pequeno vestígio que, ao ser escavado, se revelou como a maxila do crânio de um torvossauro", explicou à Agência Lusa a conservadora do museu, Carla Abreu, mostrando-se satisfeita pelo achado ter sido doado à instituição.

A descoberta destes fósseis é encarada como um grande contributo para a ciência, já que permite mais uma vez aos investigadores afirmar que "os continentes [europeu e americano] estavam próximos e havia uma distribuição da fauna muito idêntica no que agora é a América e a Península Ibérica". Carla Abreu explicou que "as formações geológicas [da costa portuguesa] são muito idênticas à formação de Morrisson", perto do Texas.

Antes desta descoberta, já tinha sido encontrado um outro achado de um torvossauro em Portugal, em Alcobaça. Os paleontólogos Octávio Mateus (do Museu da Lourinhã) e Miguel Telles Antunes (professor da Universidade Nova de Lisboa) estudaram uma tíbia, parte inferior da perna, de um torvossauro, encontrada em Alcobaça.

Apesar dos actos de vandalismo de que as jazidas do Museu da Lourinhã têm sido alvo, o trabalho de escavação do torvossauro nas arribas da costa lourinhanense não está concluído, tendo já sido extraído um outro possível fóssil do torvossauro que os investigadores julgam ser de uma vértebra caudal.

Artigo publicado em Ciência Hoje

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