quinta-feira, julho 16, 2009

Vírus "à boleia" dos carrinhos de compras

As pegas dos carrinhos de compras, as maçanetas das portas e os "ratos" do computador são fontes de contágio de microrganismos, como o vírus da gripe A, que só poderá evitar-se com uma frequente lavagem das mãos, alerta um especialista. Mário Durval, da direcção da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), explicou à agência Lusa que são aos "milhões" os microrganismos que vivem nas superfícies mais mexidas pelas pessoas. Esses microrganismos podem sobreviver mais do que as oito a dez horas que normalmente resistem no ar quando são transmitidos através das gotículas que saem da boca e fossas nasais, por meio de tosse ou espirros.

"Os vírus dessas gotículas sobrevivem no ar entre oito a dez horas", disse Mário Durval, adiantando que estes passarão de pessoa a pessoa se estiverem a menos de um metro de distância. Contudo, estes microrganismos sobrevivem mais tempo nas superfícies, disse o especialista, chamando a atenção para a facilidade com que essas áreas são tocadas por um grande número de pessoas. É o caso dos carrinhos de compras - cujas pegas são frequentemente tocadas por mãos de adultos e de crianças, já que algumas têm um suporte para os mais pequenos - mas também caixas de Multibanco, corrimões, maçanetas das portas, "ratos" de computador, entre muitos outros. O contágio pode dar-se desta forma, já que "as gotículas ficam nas superfícies que passam a vida a ser tocadas por muitas pessoas".

Segundo Mário Durval, uma frequente e correcta lavagem das mãos pode evitar até 80 por cento do contágio. Mas este é um hábito a que os portugueses "não ligam muito", daí a mensagem das autoridades de saúde, numa altura em que existe uma pandemia pelo vírus da gripe A (H1N1): insistir na importância da lavagem das mãos. De acordo com a Direcção-Geral da Saúde (DGS), "lavar as mãos frequentemente ajuda a evitar o contágio por vírus da gripe e por outros germes". Este organismo do Ministério da Saúde recomenda o uso de sabão e água, pelo menos durante 20 segundos. "Quando tal não for possível, podem ser usados toalhetes descartáveis, soluções e gel de base alcoólica, que se adquirem nas farmácias e nos supermercados", prossegue a recomendação.
Para Mário Durval, a frequente lavagem das mãos é um hábito a que os portugueses estão "pouco habituados". Na impossibilidade de lavar as mãos, deve "generalizar-se o uso de soluções alcoólicas", disse Mário Durval, para quem ainda não estamos numa fase [da pandemia] que obrigue a cuidados muito rigorosos" nesta área. Apesar disso, esta pode ser "uma óptima altura" para os portugueses se "habituarem" a estes cuidados. "Não fará mal nenhum, principalmente se as pessoas compreenderem o que está em jogo", disse. Mário Durval alerta ainda para um outro lado da questão: "Não nos podemos esquecer de que precisamos de ser contaminados pelos microrganismos para criarmos defesas". O especialista questiona mesmo os benefícios da "hiperlavagem", defendendo "bom senso" nesta matéria. "Por mais que custe a acreditar, vivemos rodeados de muitos milhões de microrganismos, a esmagadora maioria dos quais não é patogénica", frisou.

In DN

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