quinta-feira, dezembro 07, 2006

Exemplo de co-evolução!!

Extracto do artigo Morcego com língua grande chega ao néctar de flor comprida, publicado no jornal Público, do dia 07 de Dezembro de 2006.

Ler o artigo original em:
Público

«Encontrado exemplo notável de evolução conjunta de um animal e uma planta

Nas florestas dos Andes, na América do Sul, há um morcego com uma língua muito grande. É a única espécie que consegue chegar ao néctar de uma flor muito funda, em forma de sino. A descoberta desta interessante relação evolutiva foi feita por Nathan Muchhala, estudante de doutoramento do Departamento de Biologia da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, e é publicada hoje na revista Nature.
Este morcego do néctar, cujo nome científico é Anoura fistulata, tem uma língua que pode atingir oito centímetros, ou seja, uma vez e meia o comprimento do corpo. O estudo sugere que se trata do único polinizador de uma flor (em forma de sino extremamente alongada), designada cientificamente por Centropogon nigricans.
A polinização é transferência dos grãos de pólen, elementos reprodutores masculinos, para uma estrutura reprodutiva feminina. E o néctar, um líquido rico em açúcar, é produzido pelas flores para atrair animais polinizadores.
A descoberta desta relação de benefício mútuo representa um dos exemplos mais espectaculares de co-evolução entre uma planta e o seu polinizador: "A floresta tropical é um ecossistema extraordinário, com tanto ainda por descobrir", diz Muchhala, citado num comunicado da sua universidade. "Este morcego foi descoberto apenas no ano passado, e agora observámos uma relação bastante singular com uma flor local."
A língua do Anoura fistulata, relativamente ao tamanho do corpo, é mais comprida do que a de qualquer outro mamífero conhecido e entre vertebrados é apenas ultrapassada pela do camaleão.
O desenvolvimento desta língua especializada, que fica guardada na caixa torácica, entre o coração e o externo, dá ao morcego uma grande vantagem competitiva, pois permite-lhe obter néctar onde outros não chegam. A extensão da língua é o equivalente a um gato conseguir beber o leite a 60 centímetros da sua taça.
A co-evolução é um processo biológico em que duas espécies exercem influência uma sobre a outra e evoluem juntas. Em 1862, Charles Darwin propôs que a evolução da profundidade das flores e do comprimento da língua dos insectos são determinados pela selecção natural, devido ao ganho mútuo com a interacção entre o animal e a planta.
Uma orquídea em forma estrela de Madagáscar, a Angraecum sesquipedale, com uma flor com cerca de 30 centímetros, era uma indicação de que a co-evolução existia. Mas não se conhecia nenhum insecto com uma língua suficientemente grande para fazer a extracção do néctar da orquídea. Darwin previu - correctamente - a existência de um insecto com essas características.
Também têm sido encontrados bastantes exemplos de co-evolução entre aves e plantas (colibris e orquídeas), em que cada um dependente do outro para a alimentação e a polinização.»


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