sábado, março 31, 2007

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Águas mortas

Águas mortas
PÁG. 2 / ABRIL 2007
O mais esplendoroso dos peixes que cruzam os mares é o atum-rabilho, que pode medir 4,58 metros, pesar 680 quilos e viver 30 anos. Apesar das dimensões gigantescas, a sua sofisticada configuração dá-lhe possibilidade de nadar a 40 quilómetros por hora e mergulhar a quase um quilómetro de profundidade. Texto de Fen Montaigne; Fotografias de Randy Olson e Brian Skerry
Ao contrário da maioria dos peixes, o rabilho possui um aparelho circulatório de sangue quente que lhe permite deambular por todo o oceano, desde o Árctico aos mares tropicais. Antigamente, milhões destes animais migravam através da bacia do Atlântico e do Mediterrâneo: a sua carne era tão importante para os povos da antiguidade que estes pintaram peixes semelhantes a atuns em paredes de grutas e gravaram a sua imagem em moedas. O atum-rabilho, ou rabilo, tem outro atributo extraordinário, potencialmente fatal: a carne amanteigada da sua barriga, generosamente revestida de gordura, é considerada o mais requintado pitéu sushi do mundo. Na última década, uma frota de alta tecnologia, muitas vezes guiada por aviões de localização, tem perseguido o rabilho de uma ponta à outra do Mediterrâneo, capturando todos os anos dezenas de milhares de peixes. Estes atuns são engordados em jaulas instaladas ao largo, antes de serem abatidos e desmanchados, sendo depois remetidos para os mercados de sushi e de carne do Japão, dos EUA e da Europa. A captura de atuns-rabilhos no Mediterrâneo persiste em volumes de tal maneira elevados que as suas populações se encontram em risco de colapso. Entretanto, as administrações públicas dos países europeus e norte-africanos pouco têm feito para impedir a matança. “O meu receio é que seja demasiado tarde”, diz o espanhol Sergi Tudela, biólogo marinho do Fundo Mundial para a Protecção da Natureza (WWF), que desenvolve esforços no sentido de refrear a pesca destes tunídeos. “Tenho gravada na mente a imagem, muito gráfica, das grandes migrações do bisonte-americano no Oeste dos EUA, no início do século XIX. O mesmo acontecia aos atuns no Mediterrâneo – uma migração de um número enorme de animais. Neste momento, assiste-se com o atum-rabilho ao mesmo fenómeno que sucedeu com o bisonte-americano. Ele desenrola-se diante dos nossos olhos.” A forma como o atum-rabilho tem sido dizimado simboliza tudo o que actualmente está errado na indústria das pescas global: a reforçada capacidade de matança das novas tecnologias de pesca, a obscura rede de empresas internacionais que obtêm lucros astronómicos com o negócio, a negligência na gestão das pescas e na aplicação da lei e a indiferença dos consumidores ao destino fatídico do peixe que insistem em comprar. Os oceanos do planeta são hoje uma sombra do que foram outrora. As opiniões dos biólogos marinhos quanto à dimensão da diferença divergem. Para alguns especialistas, as populações de certos grandes peixes oceânicos diminuíram em cerca de 80 a 90%; segundo outros, o decréscimo foi menos acentuado. Todos são unânimes, porém, em afirmar que há demasiados navios no mar a pescar pouco peixe. Espécies populares como o bacalhau do Atlântico rarefizeram-se, desde o mar do Norte ao banco Georges, ao largo da Nova Inglaterra. (Ver “O Fim da Linha”, na página 60.) No Mediterrâneo, extinguiram-se comercialmente 12 espécies de tubarão e os espadartes, que antigamente ali cresciam até atingirem a grossura de um poste telefónico, são agora capturados enquanto juvenis – não maiores do que um taco de basebol. Com grande parte das águas pesqueiras do hemisfério norte esgotadas, as frotas comerciais zarparam rumo a sul, praticando uma exploração excessiva de pesqueiros outrora cheios de peixe. Ao largo da costa da África Ocidental, a mal regulamentada actividade das frotas de pesca, nacionais e estrangeiras, está a eliminar toda a população de peixes das produtivas águas da placa continental, prejudicando a subsistência dos pescadores do Senegal, do Gana, da Guiné, de Angola e de outros países, privando as suas famílias da principal fonte de proteína. Leia o artigo completo na revista

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